A pausa para a Data Fifa ajuda a preparar o início do Brasileirão, mas sem partidas, o tempo também é bom para os analistas se aprofundarem ainda mais nas ricas estratégias recentes do técnico Filipe Luís.
➕Formados juntos, técnico do Brasileirão analisa sucesso de Filipe Luís
É o caso de Raphael Rabello, do canal Falando de Tática. Ele disseca a saída de bola rubro-negra mais uma vez, mas agora, indicando uma verdadeira armadilha para os adversários montada pelo técnico do Flamengo.
Prós
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Essa armadilha, de acordo com o analista, é inspirada no técnico italiano Roberto De Zerbi, que faz muito parecido no Olympique de Marseille.
“Tem uma armadilha que o Filipe Luís sempre coloca para os seus adversários, e o mais curioso é que eles sempre caem”, inicia.
Ele afirma, então, que essa estratégia é inspirada no estilo de jogo do estrangeiro.
“Quem inspira o Filipe Luís a fazer essa jogada que gera uma vantagem na saída de bola, na primeira fase de construção, é o Roberto de Zerbi, que agora está no Olympique de Marseille”, comenta.
A saída de bola visa, principalmente, conseguir tempo e espaço para trabalhar na criação de jogadas ofensivas.
“Espaço e tempo viraram artigos raros. As defesas negam espaços para quem está com a posse. Está difícil encontrar tempo e espaço, e o desafio hoje é achar situações para criar isso. O de Zerbi é um expoente dessa jogada de atrair para libertar nessa saída de bola. As dinâmicas do Filipe são muito parecidas”, diz.
A estratégia em comum de Roberto De Zerbi e Filipe Luís
Um dos conceitos da saída de bola é a posição do sistema defensivo, com jogadores abertos pelos flancos, com troca de passes na defesa para atrair o time rival.
“O Filipe faz questão que seus jogadores abram para gerar linha de passe para o goleiro e abrir a marcação do adversário. Você tem atletas correndo para trás. A ideia é atrair o bloco de marcação do seu adversário para o seu campo. Eles vão se estruturando para gerar a dinâmica que o De Zerbi gosta”, explica.
Os treinadores também gostam do mano a mano, com os atletas vencendo duelos para gerar vantagens.
“Filipe promove bastante a vitória em duelo pessoal. Se vence o duelo pessoal, obriga o adversário a subir essa marcação, vence o duelo no drible, já gera grande vantagem”, diz.
Com a atração dos adversários durante a troca de passes, os espaços se abrem no campo, e o Flamengo manda a bola, no espaço, por cima.
“O Rossi com o pé na bola. Com calma, constrói, passes para frente e para trás. Zagueiro aberto. Bola longa nas costas da linha de três adversária, quando os atletas adversários avançam com essa troca de passes mais lenta, que parece ineficiente, mas a ideia é exatamente atrair o adversário. Quando isso acontece, você joga a bola nas costas dele”, aponta.
Atração gera superioridade numérica
Além da bola nas costas, também é possível sair jogando com qualidade. Desde que supere os marcadores, o time consegue espaço para atacar, deixando uma boa quantidade de atletas para trás e ficando em boas condições de um ataque letal.
“Mais uma construção do Flamengo. Consegue deixar três adversários a frente da linha da bola, ou seja, já superados. E tem mais dois. São cinco jogadores no campo de ataque superados com facilidade”, mostra.
Um exemplo disso aconteceu no jogo contra o Vasco.
“Cinco contra três, você tem vantagem na primeira fase de construção. Consegue gerar vantagem, atrair seu adversário. Construindo com qualidade e muito consciente da dinâmica e lúcido em campo. O Flamengo consegue deixar para trás seis jogadores do Vasco”, recorda.
A letalidade dessa saída de bola é bem ilustrada no gol que abre o placar para o Flamengo na final da Copa do Brasil 2024.
“Contra o Atlético-MG, essa progressão gerou um gol para o Flamengo. O Wesley mais baixo, o Atlético-MG subiu o bloco tentando encaixar individual. O Flamengo construiu a partir da identificação de vantagem, homem livre, troca de passes paciente. Gerson recebe, gira nas costas da pressão, acha o passe e quatro jogadores do Atlético-MG ficaram para trás. A partir disso, o Flamengo conseguiu o gol que abriu o placar na final da Copa do Brasil”, explica.
Boto revela contatos entre Filipe Luís e Roberto De Zerbi
Recentemente, o diretor de futebol do Flamengo, José Boto, em entrevista ao jornalista Venê Casagrande, revelou uma admiração mútua entre ambos os técnicos. Como trabalhou com o italiano, o português colocou os profissionais em contato.
“Ele gosta muito do Roberto De Zerbi. Sou muito amigo dele, porque veio do Sassuolo para o Shakhtar. Há duas semanas, tivemos uma reunião online, eu, Filipe e ele, e ele é um apaixonado pela forma como Filipe joga. Há uma paixão recíproca, o Filipe gosta do Zerbi, e o Zerbi gosta do futebol do Filipe”, conta.
Os jogadores adversários
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