O GLOBO: A votação que elegeu o presidente Rodolfo Landim para mais três anos de mandato no Flamengo foi só o primeiro passo de um movimento que pode aumentar ainda mais a influência de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, nos rumos do clube, e culminar com a candidatura dele próprio a presidente em 2024.
Do futebol à política, o atual vice de relações externas tenta ampliar seus tentáculos além do Conselho Diretor. Membro também do Conselhinho do Futebol, Bap articula mais uma reeleição, a de Antônio Alcides, no Conselho Deliberativo, que terá votação nesta terça-feira contra Ricardo Lomba. E é candidato único para o Conselho de Administração, com pleito marcado para quarta-feira.
A chapa roxa do CODE tem como candidato a vice Fábio Domingos, membro do grupo FAT, e alinhado a Bap. O dirigente já havia marcado território com a eleição de Carlos Henrique Fernandes dos Santos, de outro grupo de apoio, o FLA FUT, a presidente da Assembléia Geral, e de Gustavo Fernandes como vice, na chapa que manteve Landim no poder. A dupla também está alinhada a Bap.
Fernandes, que até então era vice do Fla-Gávea, não poderá seguir nesta função, assim como Bap na vice-presidência de Relações Externas. As vice-presidências precisam ser definidas até a posse de Landim, marcada para esta quinta-feira, na Gávea. Além das duas pastas, pelo mais duas devem ter substitutos, o que tem gerado movimentação nos bastidores: Patrimônio, que tem atualmente Gilney Bastos no cargo, e Administração, com Jaime Correia da Silva tido como figura decorativa na função.
A guerra fria por nomeações para as pastas coloca mais uma vez de lados opostos Bap, que tem com ele os vices Gustavo Oliveira e Rodrigo Tostes, e o vice-geral Rodrigo Dunshee, com mais tempo de clube e influência política, mas que vê sua rede de apoio se reduzindo, desde que abriu mão do combinado de suceder Landim em 2022 em prol do equilíbrio do grupo que governa o clube.
Pesa contra também o esvaziamento de um dos principais aliados de Dunshee, o vice de futebol Marcos Braz, que queria vir como vice na chapa do Conselho Deliberativo, mas no meio das disputas de título da equipe acabou não conseguindo participar. A outra figura política alinhada a Dunshee era Bernardo Amaral, até agora presidente do Conselho de Administração, mas que deixa o cargo e está resistinte a assumir outra função no Flamengo por razões profissionais.
O enfraquecimento de Braz, especificamente, se deu de forma gradativa desde o cancelamento de uma entrevista coletiva no Ninho do Urubu por Landim. O presidente fez questão de bancar o vice no cargo quando foi eleito, e não bancou mais ninguém. Do outro lado, Bap vê seu poderio crescer. Já tinha apoiadores no próprio Conselho do Futebol (Dekko Roisman), nas vice-presidências, entre elas a de Patrimônio (Roberto Diniz, também da FAT), e quer fazer seu sucessor na de Relações Externas.